Guilherme Prates tem apenas 23 anos e muito a mostrar. O jovem, que já foi um dos protagonistas de “Malhação” em 2012, se define como ator, dramaturgo, produtor, operador de luz, contra-regra e faxineiro. Ou seja, como muitos de sua idade, quer abraçar o mundo.
Em entrevista ao RD1, o artista comenta suas passagens pela Record e Globo, fala do desejo de seguir investindo no teatro e relembra a polêmica envolvendo a novela teen, quando seu personagem deixou a história e parte da imprensa publicou que Dinho fora rejeitado pelo público.
“Eu acho que a importância de um personagem se faz pela intensidade dele e não pelo tempo que ele fica no ar. Fica parecendo que o importante é estar no ar, e não a história que estamos contando”, avalia Prates.
Confira a íntegra da conversa:
RD1 – Você interpretou um personagem que perdeu a visão em “Vidas em Jogo”. Quão difícil foi representar esse momento do Daniel e que lições tirou da experiência?
Guilherme Prates – O Daniel foi uma personagem muito especial. A trajetória dele na trama foi muito bonita. Fui ao instituto Benjamin Constant na época e aprendi muito com essa experiência. Conviver com qualquer pessoa que tenha passado por uma história de superação nos dá um enorme senso de humanidade. Foi muito engrandecedor pra mim esse processo.
RD1 – Na novela “Em Família”, foi a vez de você surgir em cena como um jovem alcoólatra. Como era o Guilherme na adolescência, rebelde ou centrado? Em algumas entrevistas, suas declarações sempre indicam gosto pela leitura ou esportes…
Guilherme Prates – Depende do que chamamos de rebelde. Sou rebelde até hoje em relação a algumas coisas. Acho que ser rebelde não tem nada a ver com ser mal-educado ou fazer coisas erradas. Ser rebelde é não se identificar com o que está posto, ser contra alguma coisa e se voltar contra ela e isso eu sempre fiz. Nunca deixei de me expressar.
RD1 – A disciplina exigida para o futebol, esporte que pratica e gosta, contribuiu de alguma forma para torná-lo um ator mais focado?
Guilherme Prates – Acho que sim. O interessante do esporte é a auto superação, não é ganhar do outro, até porque eventualmente se perde, mas sempre querer jogar melhor independente de vencer ou perder. Essa disciplina me ajudara sim. Quero estar sempre em desenvolvimento, a diferença é que não existe competição na arte, tampouco um ator melhor ou pior que o outro. O mesmo personagem pode ser interpretado por diferentes atores de formas completamente diferentes e igualmente boas. Na arte não existe vencedor ou perdedor.
RD1 – Na época de “Malhação”, a imprensa publicou que sua saída da novela foi motivada por rejeição do público, hipótese negada nas suas redes sociais. O que de fato aconteceu na ocasião?
Guilherme Prates – Aconteceu que a história dele acabou ali. Foi acontecer em outro lugar. O Dinho queria ganhar o mundo e foi o que aconteceu. Eu acho que a importância de um personagem se faz pela intensidade dele e não pelo tempo que ele fica no ar. Fica parecendo que o importante é estar no ar, e não a história que estamos contando. Pensamos muito no ator como se ele fosse mais importante que a personagem. Se um personagem morre ou sai de alguma forma da história, não significa que o público não quer mais vê-lo. Um personagem pode estar presente através da ausência dele. Um ótimo exemplo disso é “Game of Thrones” (e tantas outras): imagina se pensássemos que cada personagem que morre é porque o público rejeitou aquele ator ou personagem, e não que a morte dele é interessante para a dramaturgia. Seria a série de televisão mais rejeitada do mundo. O episódio em que o Dinho vai embora é um dos mais lembrados até hoje por quem assistia.
RD1 – O fato de ter sido escalado para outros trabalhos na Globo comprova que a emissora confia no seu potencial, certo?
Guilherme Prates – Espero que sim. Sempre que acabo um trabalho me sinto começando do zero de novo. Cada novo trabalho, uma nova oportunidade. E digo isso não somente sobre a Rede Globo. O importante é sempre estar em movimento.
RD1 – As fofocas que saem no noticiário de famosos sempre são apontadas como um dos lados ruins da fama. Concorda?
Guilherme Prates – Acho que em escalas diferentes. A Madonna deve sofrer mais disso do que eu. Nunca me incomodaram as fofocas porque elas nunca chegaram até mim. Fofoca é ruim em qualquer situação.
RD1 – Você declarou que sua mãe te colocou no teatro para ajudar a perder a timidez. O objetivo foi alcançado?
Guilherme Prates – Mal não fez.
RD1 – Logo no início da carreira, você interpretou um protagonista. Qual sua meta profissional agora?
Guilherme Prates – Quero continuar fazendo o mesmo que faço hoje em dia. Além de ator também sou dramaturgo, produtor, operador de luz, contra-regra e faxineiro. Gosto de fazer tudo. É claro que quero conseguir ganhar dinheiro pra me sustentar e ser reconhecido pelo meu trabalho, mas isso é uma consequência natural de um bom trabalho, que influi positivamente. E sei que não farei nada sozinho. Acredito no coletivo. Para resumir, minha meta é continuar trabalhando. Me experimentando e vivendo um dia de cada vez.
RD1 – E quais são seus projetos para este ano?
Guilherme Prates – Tenho alguns projetos para teatro. Quero dar continuidade à “Roma”, peça que escrevi e ficou em cartaz no Rio de Janeiro. A vida é muito dinâmica. Não consigo prever o futuro, mas alguma coisa no teatro eu vou fazer.
Foto: Faya
Style: Rosane Amora
Beleza: Max Bitencourt
Direção Artística: Barbara Breves