Dias atrás, o infantil Bom Dia e Cia comemorou 20 anos no ar. A atração não deixou passar a data em branco, e seus atuais apresentadores, Maisa Silva e Jean Paulo Campos, conversaram ao telefone com a primeira titular do matinal, Eliana. A apresentadora, que hoje briga competentemente na guerra dominical, falou do início da empreitada, relembrando o primeiro formato do Bom Dia e afirmando, com razão, das gerações que cresceram assistindo ao programa. Com bom humor, resgatou momentos que aconteceram antes de a atual dupla de apresentadores nascer, além de cantar a música Dedinhos, que a consagrou. Maisa e Jean não conseguiram disfarçar a surpresa, ao se darem conta de que estão à frente de um programa já tão longevo.
De fato, a marca Bom Dia e Cia completar 20 anos no ar é um feito e tanto. Ao lado de A Praça É Nossa, Domingo Legal e Programa Silvio Santos, é um dos títulos mais antigos da emissora. Sua trajetória chega a surpreender, tendo em vista que o Bom Dia e Cia entrou no ar sem maiores pretensões. Tratava-se de uma segunda chance dada por Silvio Santos à Eliana, que chorou e implorou ao patrão uma nova oportunidade, no momento em que sua primeira atração, Festolândia, saiu do ar por baixa audiência pouco tempo após a estreia. “Espremido” entre a Sessão Desenho e o Show Maravilha, o Bom Dia e Cia beirava o simplório, trazendo Eliana sentada ao lado de um boneco, o Flitz, dando dicas educativas e ensinando a fazer brinquedos de sucata. A apresentadora também tomava café da manhã com um convidado todos os dias.
Deu certo. O programa vingou, ganhou novos investimentos e até adotou o nome de sua apresentadora no título, tornando-se Eliana e Cia. Voltou a ser Bom Dia e Cia quando Eliana deixou a atração, sendo substituída por Jackeline Petkovic. À esta altura, Bom Dia e Cia já era o principal infantil da grade da emissora. Seguiu com sua tônica educativa pré-escolar, costurada por desenhos de expressão. A fórmula simples garantia a liderança na audiência, fazendo a rival direta Globo a reformular, diversas vezes, sua grade infantil matinal.
No entanto, na década de 2000, o SBT mergulhou numa séria crise. A bomba estourou mais precisamente em 2003, fazendo com que o canal cortasse diversos gastos. Vários programas foram cancelados na época, como o Curtindo uma Viagem e o Disney Cruj (outro infantil de sucesso da grade, diga-se). O Bom Dia e Cia não foi cancelado, mas viu seu orçamento diminuir. Jacky, que contracenava com diversos fantoches e a menina Michele, passou a aparecer sozinha. O cenário diminuiu. O roteiro da atração também foi enxugado e a única função da apresentadora passou a ser chamar os desenhos. Ainda querendo enxugar o orçamento, a direção da emissora chegou a cogitar fazer do Bom Dia uma mera sessão de desenhos, tendo em vista que era sabido que as animações eram a verdadeira grande atração do programa. A ideia não agradou o comercial. Assim, a solução foi substituir Jacky pela dupla Kauê e Jéssica. Dois nomes cujos salários somados representavam uma economia com relação ao salário de Jacky.
Deu-se início ao revezamento de apresentadores do Bom Dia e Cia. Passada a gestão Jéssica e Kauê, surgiram Priscila e Yudi, inicialmente acompanhados da professora de dança Ítala, que logo deixou a atração. Com a nova dupla e com as contas já controladas, o SBT voltou a investir, timidamente, na atração. O Bom Dia e Cia voltou a ter um acabamento mais caprichado e roteiros mais bem elaborados. Em 2007, passou a ser apresentado ao vivo, apostando em jogos por telefone, formato que permanece até hoje. No início do ano, Priscila e Yudi, já crescidinhos, foram dispensados. Atualmente, a atração é comandada por atores mirins da novela Carrossel, como Maisa e Jean, e a dupla de palhaços Patati Patatá, em esquema de revezamento.
Hoje em dia, o Bom Dia e Cia reina sozinho na seara infantil matinal. No ano passado, a Globo cancelou sua TV Globinho, e o Band Kids nunca incomodou. Sempre com boa audiência, mesmo quando o SBT estava totalmente mal das pernas, parecia que o atual cenário o favorecia. Não foi o que aconteceu. Segundo a coluna de Keila Jimenez, em dez anos a audiência do matinal caiu para quase metade do seu público. Ou seja, quando parecia que o Bom Dia e Cia passaria a nadar de braçadas nas manhãs, na verdade a coisa não vingou.
Vários motivos podem ser apontados para esta queda de audiência. Primeiro: o desgaste de seu formato. Desde que o Bom Dia e Cia passou a ser exibido ao vivo, sua fórmula segue a mesma, com os mesmíssimos jogos sempre. O formato passou a ser adotado, também, pelo Sábado Animado, e por outros infantis da grade, como o extinto Carrossel Animado, e o atual Clube do Carrossel. Não há quem ainda aguente tartarugas nadando pra lá e pra cá e a roleta de prêmios rodando toda hora. Além disso, há um segundo, e talvez mais importante, motivo para a queda: os desenhos. As animações sempre foram o principal atrativo do programa, não há como negar, mas elas nunca estiveram tão desinteressantes.
No passado, cada vez que a emissora adquiria um novo lote de desenhos, fazia aqueles chamadões repleto de novidades. Mas há quanto tempo uma estreia verdadeiramente interessante não acontece no Bom Dia e Cia? O infantil segue promovendo um rodízio dos mesmos desenhos de sempre. X-Men Evolution, Liga da Justiça ou Projeto Zeta são ótimos, mas já foram ultrarreprisados. O que Há de Novo, Scooby-Doo? e O Máskara também podem dar um tempo. As últimas novidades foram o novo Thundercats e o Show dos Looney Tunes (que vai-e-volta da grade). E, depois de Ben 10, não surgiu mais nenhuma nova animação capaz de virar mania diante da molecada.
Com a atual crise, deve-se voltar o discurso de que programas infantis não funcionam mais na TV aberta. Balela. Prova de que funcionam foi o sucesso de Carrossel, um produto infantil capaz de impulsionar toda a grade da emissora. Sua substituta, Chiquititas, parece não ter ainda decolado tanto quanto sua antecessora, mas ainda é o único produto da grade diária a garantir audiência na casa dos dois dígitos. A verdade é que o Bom Dia e Cia está acomodado. Não investem em novidades no formato, nem no cardápio de desenhos, e ainda promovem esta salada de apresentadores que ninguém entende. Se continuar assim, os números seguirão em queda.
Por André San
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Se eu não em engano Eliana e Cia foi o nome do programa dela quando foi para a Record. No SBT sempre foi Bom dia e CIA.
Concordo plenamente. Esses jogos ao vivo são terríveis, e ainda mais vergonhoso o Clube do Carrossel fazer o mesmo no fim do dia. A temática poderia ser melhor explorada.
O programa virou Eliana & Cia antes de ela mudar de canal, na Record era Eliana & Alegria, bizarríssimo rs
A verdade é que Eliana reinava sozinha com seus infantis no inicio dos anos 2000, tanto é que Angelica e Xuxa capengavam com aqueles infantis delas e a globo logo cortou as duas da grade pra colocar tv globinho e sitio, eliana e alegria não éra nada bizarro, eu era criança na epoca e adorava mais do que TV XUXA que não acrscentava em nada a não ser os desenhos que eram o que realmente importavam. Eliana só parou de fazer infantis porque estava em alta em 2004 com o Programa Eliana intanto juvenil nas tardes, e a Record viu nela um grande potencial para um programa dominical familiar. Que outras ex- presentadoras infantis tem o sucesso da Eliana hoje em dia? Xuxa vive de passado naquele programa com cheiro de mofo no sabado, Mara só quer saber de religião, Angelica só lembram hoje pela familia com o Luciano Huck. Eliana é a unica realmente relevante hoje em dia, e acho que o dono deste blog deveria ser mais imparcial ao falar da Eliana, porque sempre soa como recalque por ele ser fã da Xuxa…
Eu falei que o nome do programa era bizarro mas se vc quer entender outra coisa, não posso faazer nada.
Eles tem todas as temporadas do Scooby Doo,mas só passam O que há de De Novo Scooby Doo.
E os desenhos clássico,como Scooby Doo Cadê Você ?,não dão as caras na programação a + ou – uns 4 anos