Entre os noveleiros de plantão a afirmação é taxativa: não se faz mais telenovelas como antigamente. E isso não é apenas saudosismo. Boa parte dos roteiristas entraram numa zona de conforto e não querem mais surpreender o público. O ano de 2010 foi um prova latente disso. Se pararmos para pensar, no máximo duas novelas, realmente, causaram a ponto de levantar os ânimos da crítica e da imprensa: Escrito nas Estrelas e TiTiTi. Se bem que por mais que Maria Adelaide Amaral esteja fazendo um mashup na trama das 7, TiTiTi é um remake que é sucesso tanto na primeira vez que foi exibido, quanto a versão atual.
Já Escrito nas Estrelas trouxe um texto mais envolvente, mas em nenhum momento ousou em trazer novas abordagens. Foi um conto de fadas moderno com temas espiritualistas. A novela em si teve grandes momentos e prendeu o telespectador que estava carente de uma boa trama das seis, mas Escrito se foi e Araguaia ainda está se esforçando para cair nas graças do público.
Já na faixa mais importante de novelas da Globo, Passione pode ser considerado, sem sombra de dúvidas, um dos piores trabalhos de Silvio de Abreu. O roteirista que já escreveu grandes sucessos como Belíssima e Guerra dos Sexos, apostou num dramalhão sem uma grande história que realmente prendesse o público. O que salva em Passione são as excelentes atuações. Ver o elenco em cena é mais interessante do que a própria novela em si.
Passione já está chegando na reta final e a substituta Insensato Coração já tem as suas primeiras crises nos bastidores. Ana Paula Arósio e Fábio Assunção, protagonistas da história, foram afastados da novela pela direção da emissora. Paola Oliveira e Gabriel Braga Nunes vão substituí-los. Cenas vão ter que se regravadas faltando menos de um mês para a nova novela estrear.
Apesar da história ainda não ter sido revelada com detalhes, o que já circula na mídia é que Insensato apostará em histórias de núcleo familiar e na rivalidade entre dois irmãos. Alguma novidade? Não. A impressão que temos é que as mesmas histórias são contadas o tempo todo. E com isso, o telespectador mais atento pára de assistir, pois não é mais surpreendido. Talvez, as emissoras só se preocupem com a crise de criatividade dos roteiristas quando a audiência despencar de vez. É hora de revolução, antes que seja tarde demais.
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*Autor: Wander Veroni, 25 anos, é jornalista pós-graduado em Rádio e TV, ambas formações pelo Uni-BH. É autor do blog Café com Notícias (http://cafecomnoticias.blogspot.com). Twitter: @wanderveroni / @cafecnoticias.