Uma das principais apostas da Record para a temporada 2013, o reality show de calouros Got Talent Brasil terminou na última quinta-feira, 20, sem dizer a que veio. A atração ficou bem distante dos bons índices de audiência esperados pela direção da emissora, teve repercussão quase nula, e ainda desperdiçou o talento do apresentador Rafael Cortez, cuja contratação foi anunciada com toda pompa desde o final do ano passado.
O fraco desempenho de Got Talent Brasil é resultado de uma série de fatores que pesaram contra o programa. Um deles é o atual momento da teledramaturgia da emissora. Quando estreou, a atração entrava no ar após Balacobaco, trama que reergueu os baixos índices de audiência herdados de Máscaras, mas que ficou distante do Ibope de dois dígitos que outras novelas da emissora alcançavam. Resultado: Got Talent herdava números em baixa e os derrubava ainda mais. Na reta final, passou a suceder Dona Xepa, cuja audiência não empolga e segue abaixo de Balacobaco. Conclusão: ainda menos público herdado.
No entanto, o principal motivo para a falta de sucesso de Got Talent Brasil pode estar no seu formato já desgastado. Embora tenha sido a primeira vez que o reality que revelou Susan Boyle foi produzido oficialmente no Brasil, o SBT já havia se “inspirado” na atração para produzir o seu Qual É o Seu Talento?. O QST? ficou no ar na emissora de Silvio Santos entre 2009 e 2011, acumulando quatro temporadas. Estreou em alta, tanto que teve sua primeira temporada prolongada, e logo foi engatando edições uma atrás de outra. Saiu do ar já em baixa no Ibope, devido a um processo judicial, no qual a FremantleMedia, dona do formato Got Talent, acusava o SBT de plágio.
Assim, por mais que o Got Talent tenha tido sua primeira edição “oficial” agora, na prática o formato já era um velho conhecido dos telespectadores. Ou seja, entrou no ar já com cara de figurinha repetida. Além disso, ao comparar o show da Record com o do SBT, o da primeira acabou saindo perdendo. Afinal, a TV de Silvio Santos foi muito feliz na escolha de seus jurados, que estão no ar desde os tempos de Ídolos. Arnaldo Saccomani, Cyz Zamorano, Thomas Roth e Carlos Miranda são divertidos, carismáticos e, juntos, formam um time poderoso e afinado. Tanto que seguem no ar na emissora desde 2006.
Na Record, o trio julgador foi formado por Sidney Magal, Daniela Cicarelli e Milton Cunha, e não caiu nas graças da audiência. Cunha não tem um pingo de carisma, e parecia querer ser apenas o chato da bancada. Cicarelli não tinha qualquer critério em seus julgamentos, talvez por ser a menos qualificada ali. Já Magal, de longe a figura mais simpática do terceto, muitas vezes apresentava opiniões desconexas. Enfim, o trio não funcionou.
O Got Talent Brasil só ganha pontos diante do QST? na comparação entre seus apresentadores. Rafael Cortez está anos-luz à frente de André Vasco. Carismático, talentoso e seguro em cena, Rafael fez um belo trabalho e mostrou-se uma escolha acertada da Record. No entanto, o formato de Got Talent não exige muito de seu apresentador. Os jurados é que são as estrelas. Por isso, a performance de André Vasco no SBT nunca comprometeu. Já Rafael, dono de um senso de humor peculiar e grande capacidade de improvisação, acabou pouco aproveitado neste espaço limitado que tinha. Acabou que não justificou tamanho “oba-oba” no momento de sua contratação.
O último episódio de Got Talent Brasil, que sagrou Domingues da Palha o grande vencedor, registrou minguados 4 pontos no Ibope. Com o fraco desempenho, a atração não conseguiu garantir sua continuidade e, provavelmente, não terá uma nova temporada. Agora, a faixa de realities da Record será ocupada pela estreia da nova temporada de A Fazenda, que deve reverter a queda de audiência do horário nobre da emissora. Enquanto isso, fica a dúvida sobre o destino de Rafael Cortez no canal. O contrato do ex-CQC prevê ainda que ele apresente um outro formato da Fremantle. Além disso, sabe-se que ele é o mais cotado para assumir a faixa do início das noites de sábado, substituindo O Melhor do Brasil, que agora é exibido aos domingos. A emissora acertará ao continuar investindo nele.
Por André San
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