Para o nosso último Ponto de Vista do ano, o tema não poderia ser diferente. Tentar enumerar o que de mais marcante aconteceu na TV em 2011. Tentar porque muitas das coisas que pretendemos falar são acontecimentos que nos marcaram não só como jornalistas, mas também como telespectadores. Desde já, avisamos que algumas coisas podem ficar de fora e outras podem ser inseridas. Mas isso não deve ser encarado como um problema, e sim como uma avaliação de que em 2011 algumas coisas marcaram mais do que outras. Normal.
E por falar em avaliação, não tem como pensar a TV em 2011 e não falar das reprises. Elas foram a grande vedete da programação. Na TV Paga, o telespectador se encantou com a clássica novela Vale Tudo, no Canal Viva. Na TV aberta, o SBT descobriu um filão interessante em reprisar novelas na faixa vespertina.
A Record também ficou na comodidade das reprises com o Tudo a Ver, o desenho Pica-Pau e a série Todo Mundo Odeia o Cris. A Globo também não ficou atrás e reprisou dois clássicos das telenovelas no Vale a Pena Ver de Novo: O Clone e Mulheres de Areia. Na faixa noturna, não foi de reprise, mas apostou no remake de O Astro e redescobriu um novo filão, a novela das 11 da noite.
No mundo das telenovelas, tivemos duas gratas surpresas. A criatividade e inovação de linguagem de Cordel Encantado que conseguiu ser uma novela diferente por saber brincar de uma maneira tão bonita com conto de fadas e a tradição nordestina, mas que infelizmente se perdeu nos momentos finais por conta de uma barriga na trama do qual as autoras Duca Rachid e Telma Guedes não deram conta de desenrolar.
Já a outra surpresa foi a novela seguinte das 6, A Vida da Gente, que tinha tudo para ser uma novela das 9 com N maiúsculo por conta do texto caprichado, como há muito tempo não se via. Lícia Manzo trouxe de volta o encantamento pelo dramalhão familiar, investindo em cenas de forte apelo na carga emocional.
Apesar de ter conquistado os seus respectivos públicos, Aquele Beijo e Fina Estampa fecham o ciclo de novelas inéditas no horário nobre de forma bem sucedida no Plim-plim como há muito tempo não se via. Aliás, Fina Estampa, por mais que esteja batendo todos os recordes de audiência no horário, dá a impressão de ser uma novela das 7 no horário das 9.
Saindo das margens do Projac, o remake de Rebeldes, uma parceria da Record e da Televisa, escrita por Margareth Boury, foi uma grata surpresa, principalmente pelo fato da autora propor uma nova trama, totalmente diferente da versão mexicana que foi sucesso no Brasil e no mundo. A versão brasileira de Rebeldes possui diálogos rápidos, um texto caprichado e o sexteto protagonista estão conseguindo mandar muito bem, resgatando um público jovem que nem sempre conta com bons programas na TV aberta.
No jornalismo, a Globo promoveu uma histórica dança das cadeiras entre os seus apresentadores e correspondentes. Mesmo afirmando ter saído por vontade própria para dar início em 2012 há um novo projeto televisivo, ninguém esperava que Fátima Bernardes um dia saísse da companhia do seu marido no Jornal Nacional. Enquanto isso, de forma desastrosa, o SBT avacalhou o SBT Brasil, descaracterizando o principal telejornal da emissora e o colocando como uma revista de variedades repleta de pautas frias. Mas o problema, aparentemente, está sendo resolvido e há uma intenção para que o jornal volte a ser factual.
A Record, para variar, se perdeu na sua jornada de tirar do monopólio da Globo, fazendo editoriais cada vez mais descabidos, inclusive afastando o público evangélico da emissora ao difamar alguns segmentos pentecostais e cantores evangélicos. Além disso, o apelido de grade voadora que um dia foi do SBT, se fixou de vez na Barra Funda. Vários colunistas, jornalistas e críticos apontaram as constantes mudanças da grade da Record como um erro de estratégia, enquanto a emissora insistia numa perseguição que nunca existiu.
Na verdade, era mais decepção de ver o projeto de “Caminho da Liderança” não ter passado de um blefe. Outra coisa que decepcionou foi o fato da RedeTV! atrasar o salário dos funcionários e insistir em desmentir na imprensa, o que pegou muito mal.
Não foi a toa que o SBT, no mês de dezembro, se consolidou novamente na vice-liderança e investiu em originalidade ao promover avant premières de alguns novos programas e chamar para si o público infantil na TV aberta, investindo em programas de auditório, brincadeiras e gincanas no Feriadão. Nesta perspectiva, 2012 já tem tudo para ser um ano de forte emoções na disputa pela vice-liderança, uma vez que a Band, ao que parece, tirou de vez o programa do RR Soares da grade noturna e está a fim de se melhor posicionar na média/dia. Foi ou não foi um ano movimentado na TV? 2012 promete! Será?
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*Autor: Wander Veroni, 26 anos, é jornalista pós-graduado em Rádio e TV e especializado em mídias sociais. É autor do blog Café com Notícias (http://cafecomnoticias.blogspot.com). Twitter: @wanderveroni / @cafecnoticias.