Está tudo muito prático e sem criatividade: montar um programa infantil, principalmente na TV aberta, se resume em exibir desenhos animados, cuja maioria são violentos, e nem sempre condizente com a faixa etária dos nossos pequenos. Foi-se o tempo em que ligávamos a televisão e víamos programas que divertiam ou educavam.
Salvo algumas opções na TV Cultura/TV Brasil (antiga TVE) – como Ra-Tim-Bum, Castelo Ra-Tim-Bum, Mundo da Lua e a primeira versão do Sítio do Pica Pau Amarelo da Globo que foi reprisada no canal educativo, vemos que a nossa geração desfrutou do melhor da programação infantil. Hoje, as produções atuais nem tentam relembrar o sucesso da década passada. Ao que tudo indica, quando trocamos de canal, a criançada fica à míngua. (In)Felizmente as emissoras de TV pararam de criar programas de auditório voltado para a criançada, com gincanas e prêmios. Já as novelas infantis são importadas da Argentina, e não mais do México.
Tenho saudade da época da Xuxa, do Sérgio Mallandro, da Mara Maravilha, da Angélica, do Agente G, do X-Tudo e da Eliana. Você pode até não gostar ou morrer de vergonha de assumir que assistiu isso, mas uma geração inteira foi criada por essas babas eletrônicas. Ou ainda, quem não se emocionou com a história da novela Carrossel, Chiquititas, Era Uma Vez, etc…das atrapalhadas do Chaves e do Chapolin. Quem não riu com Os Trapalhões e se divertia com a Escolinha do Professor Raimundo? Mesmo não sendo da minha época, até hoje nos deparamos com as músicas do Balão Mágico, do Trem da Alegria e, mais recentemente, da fase infantil de Sandy & Junior.
Hoje a criançada brinca com os apresentadores de TV pelo telefone ou SMS. Entra na internet com a mesma facilidade que um adulto, correndo o risco de saber mais aplicativos e joguinhos que muito marmanjo por aí. Não é muito comum ver as crianças se entusiasmando por um novo jogo de vídeo-game e se esquecendo das brincadeiras de pega-pega, pique-esconde ou do tradicional futebol com os amigos.
As amizades da escola se transcendem para o mundo virtual das redes sociais e o contato pessoal entre eles se resume na ida na casa de um amiguinho, no máximo. Por conta da violência, muitos pais não deixam mais os filhos brincarem na rua. A magia de pular o muro e ir roubar fruta na casa do vizinho acabou. Aliás, a criançada de hoje em dia nem come fruta….a maioria gosta de salgadinhos, biscoito recheado e refrigerante.
Até bem pouco tempo atrás – coisa da década de 1980, de vinte anos atrás, os filhos respeitavam os pais e quem não andasse na linha ficava de castigo ou ganhava uma surra. Atualmente, os filhos fazem chantagem emocional com os pais e os direitos humanos proibiram a famosa “palmadinha corretora”. O que vemos são pais que não conseguem impor limite aos filhos e, no final das contas, acabam gerando pessoas que não sabem aceitar um NÃO, o que é uma pena. Não sou a favor da violência física. Não é isso! Esse exemplo mostra o quanto os filhos perderam o limite e os pais estão perdidos. Criar um filho hoje é mais complicado, sem dúvida.
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*Autor: Wander Veroni, 25 anos, é jornalista pós-graduado em Rádio e TV, ambas formações pelo Uni-BH. É autor do blog Café com Notícias (http://cafecomnoticias.blogspot.com). Twitter: @wanderveroni / @cafecnoticias.